terça-feira, 25 de maio de 2010

O crescimento do mercado infantil e a segmentação


Os produtos infantis têm conquistado, a cada ano que passa, um aumento do market share em todos os mercados em que estão inseridos, com um maior destaque nos setores de higiene e cosméticos. De acordo com o instituto de pesquisa Euromonitor - de produtos infantis, o mercado infantil no Brasil cresce em ritmo acelerado, chegando a 14% ao ano, o dobro do que é verificado no segmento de adultos, e colocando o segmento infantil (de 2 a 10 anos) como o segundo maior consumidor do país.

Tal crescimento pode ser justificado pelo aumento do poder aquisitivo das famílias das classes C, D e nos últimos anos, juntamente com o advento de novos produtos direcionados à higiene das crianças, levando em conta o desenvolvimento de novas tecnologias na produção de tais produtos. Tais fatores têm proporcionado a alavancagem das vendas no mercado infantil, que tinham sido limitadas nos anos 90 por motivos sócio-econômicos que levavam os pais, principalmente os de baixa renda, a forçarem o público infantil a usarem produtos do público adulto por uma simples questão de economia. Além disso, as quedas nas taxas de crescimento no mercado infantil, que alcançaram também o início deste século, eram justificadas pelo fato de que as famílias economicamente mais confortáveis mostravam ser extremamente conservadoras no consumo de produtos para os seus filhos, fator este que tem sido superado a cada dia com uma melhor conscientização preconizada pelo advento da era da informação.

As pesquisas têm demonstrado crescimento no consumo de produtos infantis que tem acompanhado as transformações da sociedade, estabelecendo assim uma tendência de mercado que tem trazido preocupação às empresas no sentido de procurar alcançar e satisfazer este segmento que cada vez mais influencia no consumo das famílias. Segundo uma pesquisa da Latin Panel, por exemplo, as famílias com crianças com até cinco anos gastam em média 10% mais com produtos de higiene pessoal do que as outras famílias, principalmente consumindo fraldas, xampus, sabonetes e colônias, apresentando uma presença 11% maior nos pontos-de-venda e gastos 14% maior do que a média da população.

É neste ambiente que as empresas têm procurado disponibilizar produtos que se adequem cada vez mais a esta nova realidade, estabelecendo um sistema de produção que una redução de custos e propostas de design que condicionem um melhor custo-benefício para seu público-alvo, acionando o seu departamento de marketing no sentido de atingir o segmento infantil, não esquecendo de satisfazer aos pais que, apesar de serem influenciados pelas crianças, são os verdadeiros consumidores.

Neste sentido, surgem cada vez mais publicações e estudos que procuram decifrar as tendências deste novo mercado infantil que tem se tornado cada vez mais importante. No livro “Marketing Infantil – como conquistar a criança como consumidora” do consultor de Marketing infantil Arnaldo Rabelo, pode-se verificar a necessidade de um maior cuidado, por parte das empresas deste mercado, em conhecer o processo de compra e do comportamento das crianças e dos pais. Dentre as valiosas orientações às empresas que já atuam ou pretendem atuar no mercado infantil, creio que um ponto que foi destacado como dos mais importantes diz respito à segmentação.

Para as empresas qualificarem as suas estratégias e otimizarem os seus resultados, faz-se necessário compreender a prática da segmentação de mercado, praticando-a no público infantil, para que não se pratique o equívoco de considerar este público como homogêneo. Na verdade, devem-se conhecer as várias particularidades dos segmentos do mercado infantil, não podendo se basear na própria infância para entender as crianças de hoje, tendo em vista as transformações sofridas pelo mundo atual.

É importante que sejam consideradas como público-alvo da comunicação, tanto as crianças que possuem papel importante no processo de compra, sendo os influenciadores e usuários do produto, quanto os pais que são os compradores efetivos, devendo estabelecer estratégias que não ignore nenhum dos dois participantes do processo.

O livro apresenta uma descrição das faixas etárias da criança, que são chamadas de Babies (de 0 a 2 anos), kids (de 3 a 7 anos) e tweens (de 8 a 12 anos).

Na fase dos babies, os desejos da criança estão relacionados com um ambiente seguro e amável, onde estão em uma dependência total de outras pessoas, em um contato primário com a mãe e secundário com o pai. É uma fase de aprendizado constante, onde há o aprimoramento do reconhecimento de objetos e o desenvolvimento de características sensitivas como a reflexão e a capacidade visual. A cada mês há uma evolução no reconhecimento daquilo que lhe cerca, onde a criança vai desenvolvendo uma noção dos objetos e das pessoas. Para atingir esse segmento, os produtos devem estar atento às necessidades de amor, estímulos sensoriais que prendam a atenção dos bebês e transmitam segurança.

Na fase kids, as crianças ainda não formaram uma moral avançada e um senso do que é certo e está em busca de uma maior autonomia, valorizando o poder e o controle de situações como forma de autodeterminação, onde os meninos se simpatizam mais pelas tecnologias e os efeitos especiais, enquanto as meninas se aproximam mais dos relacionamentos e pessoas. Os produtos devem ter um apelo mais fantasioso, levando em conta os padrões de identificação dessas crianças que passam pela adoção e cuidado de algum brinquedo como boneca e cachorro, bem como pela emulação, onde a criança procura imitar ou querer ser como a pessoa, personagem ou animal.

Na fase tweens, as crianças já estão em um processo de ruptura, onde desejam se desvincular o mais rapidamente possível do mundo infantil, se aproximando do mundo dos adolescentes. É uma fase intermediária onde começam a compreender melhor as regras e os papéis sociais e conquistam uma maior autonomia, inclusive no poder de decisão das compras. Os tweens de hoje nasceram na era da internet e movimentam 2 trilhões de dólares por ano em todo o mundo. Os produtos deste grupo devem ter um apelo mais realista, ao invés de fantasioso, além de serem exigidos mais detalhes, tendo em vista que gostam de colecionar.

O importante é ter consciência do crescimento constante do mercado infantil para que sejam levados em conta conhecimentos fundamentais sobre o comportamento de todos os participantes do processo de compra, para que sejam estabelecidas estratégias que tenham um maior sucesso no alcance do público-alvo deste mercado.

Como pai de um consumidor baby de treze meses, o autor deste artigo aproveita pra testemunhar, através das evidências empíricas que têm cercado as transformações de seu consumo nestes últimos meses, concordando com as informações referentes ao aumento das despesas, sobretudo referentes aos bens de consumos não duráveis e inclusive observando maiores índices de retornos ao pdv.

Referências: http://www.marketinginfantil.com.br/
Contribuição: Jean Abreu

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